segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ah, a saudade...

Sempre ela: Martha Medeiros. A mulher que consegue dizer com tamanha perfeição as coisas mais indescritíveis. Coisas simples, que todo mundo sente, mas ninguém consegue descrever com tanta sutileza e verdade. Pra compartilhar a dor da saudade que estou sentindo, vai um texto da minha ídola.

Tudo bem que a minha dor nem é tão dramática como no texto. Ele não me deixou, eu não estou com dor de cotovelo, nem nada disso. Só estou com saudade. Saudade da presença. Saudade do convívio. Saudade do meu amor que está longe por looooongos dez dias. Para quem se acostumou a te-lo sempre por perto... Chegar em casa e só encontrar o vazio... Como é sofrido!

Nesse momento, eu não seria nada sem minhas amigas... Liguei pra umas delas e disse: "Amiga, tô sofrendo, tô sozinha!" e ela respondeu: "Tá sozinha nada, tamu junto!" Obrigada, minha queridas Aline e Priscila pela companhia sempre sempre sempre tão agradável. Aliás, iremos aproveitar a companhia uma das outras para ir ao teatro no próximo domingo, para ver uma peça baseado em um livro chamado "Doidas e Santas". A autora? Martha Medeiros! Sempre ela!!!!

Deixo, então, de presente, esse texto delicioso dela: "A DOR QUE DÓI MAIS"."

"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dói. Bater a cabeça na quina da mesa, dói. Morder a língua, dói. Cólica, cárie e pedra no rim também doem. Mas o que mais dói é saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Dói essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno, não saber mais se ela continua pintando o cabelo de vermelho. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu, não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango assado, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Coca-cola, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua surfando, se ela continua lhe amando. Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ele esta com outra, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer. É não querer saber se ela esta mais magra, se ele esta mais belo.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer."

Um comentário:

  1. Ai, que coisa linda!!!! Toca fundo!!!! Será que se eu escrever pra ela ela autoriza a publicação, por conta do dia dos namorados? Vc tem como me dizer qual foi o jornal e o dia, pra eu informá-la? Bjs, e parabéns pelo blog!

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